segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Sobre bolas de sopro e medicina


Foi a cena do meu priminho de um ano brincando com bolas de sopro que desencadeou em mim uma cascata de pensamentos.

Lembrei de quando eu era criança e ia para os aniversários esperando ansiosamente por um determinado momento da festa. Não era a hora dos “parabéns”, não era o bolo, nem a distribuição das lancheiras. Eu esperava mesmo era pelo fim da festa, porque eu sabia que era aí que eles distribuíam as bolas de sopro. E lá ia eu pra casa, morta de contente, carregando duas ou três bexigas debaixo do bracinho magrelo.

Quando penso nisso hoje me pergunto que diabos eu via de tão encantador naquelas bexigas. Vai ver era o colorido, o brilho, o poder de flutuar.

Eu cuidava delas para que durassem o máximo de tempo possível e achava um absurdo sempre que via outra criança estourando bexigas. Ficava pensando como eu gostaria de ter dinheiro o bastante para comprar um monte de bexigas. Até o dia em que eu descobri que bolas de sopro nem eram tão caras assim.

Hoje qualquer um que escutar essa história da minha paixão por bolas de sopro certamente vai rir da inocência daquela criaturinha que tratava as bexigas como seres vivos e achava que só mesmo no dia em que tivesse muito dinheiro conseguiria comprar muitas delas.

O fato é que “o sonho impossível das bolas de sopro” não foi o único sonho que eu desmistifiquei ao longo desses anos.

Meu outro sonho de infância e adolescência (falando assim parece até que essa fase já acabou, mas com fé em Deus vai durar muito) que parecia meio distante da realidade era cursar medicina.

Eu nem sabia direito o que aquilo significava, mas cresci com a idéia na cabeça. Talvez por achar que era a chance perfeita de ajudar as pessoas, conseguir um bom emprego e ter um bom padrão de vida. Talvez por achar que só assim eu conseguiria comprar quantas bexigas eu quisesse.

À medida que eu fui crescendo a medicina foi ficando, ao mesmo tempo, mais perto e mais longe de mim. Mais perto porque eu me dedicava cada vez mais aos estudos. Mais longe porque para muita gente era ilusão minha sair do interior direto para uma universidade pública.

Lembro-me que sempre que me perguntavam “vai fazer vestibular pra quê?” e eu respondia “medicina”, vinham-me com um olhar de “deixe a bichinha sonhar” ou mandavam uma frase do tipo “é, né... todo mundo tem o direito de sonhar”. Claro que eu também contei com o apoio de gente que acreditava em mim até mais do que devia.

Aí um dia você passa no vestibular. E, como a criança que descobre que uma bexiga não custa mais do que alguns centavos, eu descubro que cursar medicina é perfeitamente possível.

Então você entra na faculdade. E aí você descobre que existe algo realmente tão frágil e precioso quanto as bexigas da minha infância: a vida, a sua e a dos outros. E a partir daquele dia em que você pisa pela primeira vez na universidade, sua missão é preservá-la.

Não importa mais em que colocação você foi aprovado no vestibular, de onde você é ou quantas bexigas você podia comprar na infância. Agora, meu caro, você é tão forte e tão fraco quanto qualquer outro. Tão vulnerável à aflição diante das provas, adepto às noites mal dormidas (ou não dormidas) e ao café como qualquer outro.

O tempo passa e o conhecimento só lhe traz uma certeza: a do quanto você é ignorante diante da vida. E é justamente a consciência dessa ignorância que fará de você mais sábio e mais humano ao tratar de seus pacientes.

E aí, quando você pensa que sua vida acabou, você descobre maravilhado que ela está só começando. Que você tem um mundo de possibilidades a desvendar e de personalidades para conhecer, incluindo a sua. Você descobre, enfim, que sua vida está recomeçando multiplicada, porque haverá um pedaço seu em cada ser humano do qual um dia você irá tratar, bem como um pedaço deles ficará em você.

Você vai, sim, perder ainda muitas noites de sono. Você ainda vai se afligir a cada prova. E no meu caso, de quebra ainda vou pegar trauma do sininho que Luiz toca nas provas práticas de anatomia da UERN.

Vai perder um pouco da vida social, mas vai saber aproveitar como ninguém os preciosos momentos ao lado da família, do(a) namorado(a) ou dos amigos.

Vai perder um pouco dos cabelos. Mas tudo bem, para isso existem os implantes.

Vai perder um pouco (ou seria “muito”?) do juízo. Mas e daí? Ser normal é coisinha chata.

No fundo, não importa o que você vai perder, porque o que se perde vai embora, e o que fica mesmo é o que a gente ganha: os amigos, o aprendizado, a chance de salvar vidas. No fundo, importante mesmo são as bolas de sopro que nós preservamos na vida.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

7 coisas que me fazem odiar o carnaval!

Pelas minhas andanças virtuais através dos blogs, me deparei com essa lista que achei muito interessante e me fez dar boas risadas. Um ótimo carnaval pra todo mundo!

1- Os aquecimentos
Saca aqueles ensaios que têm everywhere? Que as periguetis mais sedentas vão pra mostrar a calcinha ou então a depilação nova? Onde a imprensa vai para cobrir pérolas do tipo “Fulana de tal cai no samba”? Que sempre tem um barraco de ciclano que brigou com beltrano e foi expulso da Velha Guarda? Então. Tenta escapar dessas maravilhosas notícias na época de Carnaval.



2- As periguetis e o glitter
Ah o glitter, o maldito glitter. Além de ser cafona e normalmente vir acompanhado de um par de sandálias plataforma salto 36 feitas de acrílico, as periguetis de Carnaval acreditam fielmente que não necessitam de roupas se cobrir seu corpo inteiro com glitter furta-cor, que por acaso fica LINDO em contraste com a pele terracota, característica das periguetis.


3- A alegria desenfreada
Por alegria desenfreada entenda: todo mundo breaco. Todo mundo enche o caneco, chega no estágio de dançar ridiculamente as marchinhas tradicionais de Carnaval sem vergonha de ser feliz e sem medo do amanhã, depois sai andando por aí sem camisa, com a barriga peluda de fora, faz um xixi ali no poste do meio da rua e com a ajuda (que possivelmente só pode ser) de Deus volta pra casa são e salvo.


4- As vinhetas

NA TELA DA TEVÊÊÊÊÊ NO MEIO DESSE POOOOOOOOOOOOVO, A GENTE VAI SE VER NA GLOOOOOBOOOOOOOO (globo espelhado cafona cortado ao meio, com 6 dúzia de caras segurando um pandeirinho com duas periguetis cobertas com glitter e sandálias de acrílico disputando pra ver quem rebola mais e arreganha mais os dentes). Repita a operação a cada 5 minutos.


5- Os desfiles
Antes que venham com pedras nas mãos, já deixo bem claro que eu acho o trabalho das Escolas de Samba uma forma muito válida de arte, portanto minha treta não é com eles. O problema é acharem boa idéia de transmitir isso pra sempre na TV aberta. Pay-per-view, do you know it? Por mim, que só transmitam a apuração!


6- Os camarotes
Não tem muito o que falar: subcelebridades e wannabes se vendendo por pouco para ter um lugar ao Sol enquanto usam um abada da marca patrocinadora.


7- As músicas
Além dos sambas enredo que passam à exaustão na TV, ainda temos que conviver com as marchinhas (que convenhamos são até legais nas primeiras cinco vezes que você ouve). Porém, os grandes vilões dessa história são os malditos hits do verão, geralmente provenientes de algum artista de axé, geralmente provenientes da Ivete Sangalo ou derivadas. (Por favor que o hit desse ano não seja o maldito melo do xixi).


P.S.: micaretas não entraram nessa lista porque infelizmente elas ocorrem o ano todo e não somente no Carnaval.


Retirado do http://tarjapreta.org/popstorm/7-coisas-que-me-fazem-odiar-carnaval

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Boicote ao Trote?

Olá pessoal! Depois de tanto tempo sem postar, eu criei vergonha na cara e decidi aparecer por aqui pra compartilhar algumas opiniões a respeito das polêmicas envolvendo os trotes escandalosos que, ultimamente, tomaram conta da mídia.

Há pouco mais de 2 meses, fui aprovado no vestibular e minhas aulas começaram logo no 1º semestre. Logo no primeiro dia os nossos veteranos começaram a aplicar o trote - tudo em clima de diversão saudável, que fique bem claro! Foram três dias de brincadeiras, entrevistas e conversas que fez com que a turma se entrosasse e conhecesse um pouco mais sobre a rotina da faculdade e do curso em si. No último dia da brincadeira, aconteceu o tal 'mela-mela' e quem participou foi ao sinal pedir dinheiro para financiar a calourada. Durante o período em que passamos arrecadando dinheiro, percebi uma certa rejeição da grande maioria das pessoas que nos observavam, que achavam tal situação em que nos encontrávamos completamente degradante, mesmo falando que tudo aquilo não passava de uma brincadeira.

Ao chegar em casa, fui checar meus emails e ler algumas notícias corriqueiras; e uma em especial me chamou logo atenção. Um jornal local havia postado uma notícia em seu site relatando sobre os trotes ocorridos nos arredores da UFRN e, de forma completamente distorcida e parcial, condenaram veementemente as brincadeiras afirmando que tudo aquilo não passava de algo violento e humilhante. Confesso que achei todas aquelas afirmações absurdas, pois deixo bem claro que os alunos só participam do trote de forma espontânea. Além do mais, a maioria dos trotes promovidos pelos alunos da UFRN tem como intuito não somente o entrosamente entre os alunos mas também o compromisso social de contribuir com instituições de caridade. No curso de Turismo - do qual sou acadêmico - os calouros arrecadaram alimentos que serão posteriormente doados ao Lar de Idosos Juvino Barreto e ainda doarão sangue ao Hemonorte; a exemplo de vários outros cursos, cujos alunos também se comprometeram a ajudar instituições filantrópicas. Apesar da mobilização, a imprensa local não divulgou o esforço que os alunos fizeram e tratou somente de pegar carona nos grandes meios de comunicação do país, relatando a suposta 'violência' nos trotes dos cursos da UFRN, mesmo sem existir nenhum indício.

É triste saber que ao invés de ser imparcial, parte da mídia local ocupa-se somente em manipular os fatos para aumentar os lucros nas vendas. Mais triste ainda é saber que a maior parte da população não tem a capacidade de discernir o que é 'violência' e 'diversão'. Eu fui ao meu trote e me diverti bastante e fico muito contente de saber que além de ter contribuído com quem precisa, eu ainda fiz vários amigos. E ainda posso afirmar que nenhum dos meus colegas foi vítima de abusos! Lógico que há os trotes violentos e que fere a integridade moral e física das pessoas, mas essa realidade anda longe do cotidiano dos natalenses. Seria interessante que as pessoas vissem os trotes com um pouco mais de aceitação, pois tudo não passa de uma grande comemoração pelas vitórias alcançadas na vida estudantil.

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