Eu raramente me dedico a discorrer acerca de assuntos que envolvam a política local ou qualquer tema que envolva de forma particular a cidade de Pau dos Ferros. Primeiro porque minha intenção maior é que estas crônicas tratem de assuntos universais, ainda que desenvolvidas a partir de situações cotidianas e do meu simples ponto de vista. Depois porque, do jeito que vai esta cidade, há o risco de que alguém me interprete mal e queira vir se vingar. Entretanto, os fatos ocorridos nos últimos dias despertaram em mim uma vontade incontrolável de escrever sobre tais fatos.
Além do mais, caso alguém se sinta atingido e queira se vingar, creio eu que o leque de vinganças inclua alternativas bem restritas, tais como me dar uma pisa quando eu sair na rua ou deletarem meu orkut (é pouco provável que me roubem algum bem material, uma vez que eu só ando lisa). Assim sendo, tendo em vista que eu mal saio de casa ultimamente (o que dificulta a efetuação da “pisa”) e que a faculdade me deixará sem tempo para orkut e similares, eu resolvi correr o risco e escrever as linhas a seguir.
Dada a minha explicação, vamos à crônica.
Todo dia minha irmã chega da escola contando que derrubaram alguma parte da cidade, seja o N “de Nilton”, sejam os canteiros “de Leonardo”. Basta alguém achar que partidários de um lado agrediram um patrimônio do lado oposto que já se vinga e trata de quebrar algo também.
Isso me lembra meu professor de história (grande Romualdo!) e sua árdua tarefa de explicar-nos a Guerra do Peloponeso. Na dita guerra, as cidades gregas brigaram tanto entre si (sobretudo por interesses econômicos) que acabaram destruindo a Grécia e esquecendo do mais importante: proteger sua própria terra. O território grego ficou tão frágil e tão à mercê de invasões que os macedônicos, sem muito esforço, apossaram-se dele.
Pau dos Ferros vai quase no mesmo caminho da Grécia Antiga. Nossos cidadãos tão “cultos e conscientes” desempenham brilhantemente a tarefa de destruir a cidade. Praça por praça. Prédio por prédio. Canteiro por canteiro.
Eu me pergunto o que pensariam sobre isso os pauferrenses verdadeiramente cultos e conscientes. Os que passaram a vida estudando e trabalhando para fazerem de suas vidas e da nossa cidade cada vez melhores. Muitos deles não moram mais aqui. Alçaram vôos maiores. E o fizeram porque em sua época não havia aqui universidades ou oportunidades de trabalho melhores.
Mas hoje, meus caros, as oportunidades batem à nossa porta, estão prestes a entrar em nossa cidade. Lembro-me que, no ano passado, quando a cidade ainda lutava pelo Campus da UFERSA, havia quem se recusasse a apoiar a vinda da universidade, alegando que a defesa do Campus beneficiaria político X ou Y, o qual fazia oposição ao seu partido. Os argumentos mesquinhos de sempre. Certamente Jesus diria: perdoai-os, Senhor, eles não sabem o que fazem.
E é nessas horas que eu tenho vontade de gritar aos céus: quanta ignorância, meu pai! Será que esse povo não percebe que a chegada de uma universidade irá beneficiar seus filhos, netos, nossa educação, nossa economia? Não, não percebem. Essas pessoas ainda vivem no tempo dos coronéis, da política de troca de favores, do voto de cabresto.
É cômico e ao mesmo tempo paradoxal ver que, à medida que nossa cidade cresce, o bom senso de alguns pauferrenses só diminui.
É triste, mas é verdade. Eu espero sinceramente que um dia essas criaturas ponham a mão na consciência e percebam que seus atos de vandalismo não estão atingindo nem Nilton Figueiredo nem Leonardo Rêgo, e sim, a própria sociedade. É como se cortássemos nossos pulsos e depois acreditássemos estar ferindo outra pessoa. Eu chamaria de “suicídio inconsciente”. Pensando bem... “jegues” soaria melhor. Sem ofensa aos animais, claro.
Caso a situação não se inverta, o velho Código de Hamurábi vai tomar conta dessa cidade, e aí, será “olho por olho e dente por dente”, até que todos fiquem CAOLHOS E BANGUELAS.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Caolhos e banguelas
Por Samila Marissa
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12 comentário(s):
Nossa Samila
Sinto-me orgulhoso de ter sido seu professor, e que aluna maravilhosa você foi e é.
A maior prova do quão inteligente e culta você é foi essa crônica. Somente uma pessoa com muita inteligencia e conhecimento dos fatos poderia, tão brilhantemente,discorrer sobre o assunto aqui abordado.
Continui assim....
um forte abraço e fica com Deus.
"A verdade as vezes doi e maxuca, mais deve sempre ser dita, não importando as consequencias"
Eita, é minha irmã ! é minha irmã !
- Apesar de meu comentário não conseguir chegar aos pés do bilhante professor acima, confesso que realmete acabo de ler uma excelente crônica !PARABÉNS môça :D
Essa menina merece uma pisa pra dxar d ser inteligente!
=D
E o interessante disso tudo é que as discussões populares geram em torno do bem da sociedade, mas agem totalmente contrário ao que dizem...
Texto incisivo!
Essa é minha Prima...
Pois é Samila (...), bela crônica, parabéns pelo esforço e dedicação ao amor pela sua cidade que muitos não têm. É realmente constrangedora esta situação que também está presente em muitas cidades, não sabem alguns cidadãos (se é que sejam) ou meros habitantes, que após as eleições e as badernas ocorridas, os fundos que a prefeitura poderia usar em outras coisas, serão usados para corrigir os danos ocorridos na eleição... E o desenvolvimento da cidade, muitos fazem campanhas contra um e outro, discutem mais que os próprios políticos, e entendem menos que os leigos, contraditório? Não, realidade que impede benefícios para si próprios.
Quando me perguntam sobre política (eleição passada)... Só discuto a da minha cidade. Decidida desde o inicio da campanha.
Concordo plenamente com você linda, Pau dos Ferros com seu porte regional, poderia lucrar mais e mais com as forças unidas e menos discussões irrelevantes...
UFAAA!!!
Prima, eu nem sabia de tamanha ignorância, concordo plenamente qdo vc diz "suicídio inconsciente", até porque, em nada este tipo de atitude atinge a Nilton ou Leonardo, pois as obras feitas com o dinheiro dos Pauferrenses, foram feitas para beneficiar o povo, e depois eles vão pegar o dinheirinho de vcs cidadãos Pauferrenses, que poderia ser investido em outras coisas, pra refazer o que estava feito.
--> Samila, parabéns pela iniciativa do alerta, e sucesso na nova jornada! Beijão
Ótima crônica Sami, principalmente pra informar aos que estão distantes da cidade sobre a quantas anda a política local (já que me nego a ler certos blogs tendenciosos de colunistas socialites da região). É como escreveu, "quanta ignorância!". Mas essas pessoas, esses vândalos, merecem algo mais que serem chamados de ignorantes. Na minha opinião, isso é burrice mesmo, pois todos eles têm todos os meios e informações à disposição para saber que essa atitude é ridícula e sem sentido. Não chegam à essa conclusão sozinhos por preguiça de pensar.
Mila
parabéns!!!!!!!!!!!!!!!!
simplesmente perfeita a cronica
Samila!
Parabéns pelas brilhantes colocações! Como também por esse blog, que sinceramente está excelente!
bjux, querida!
Saudades, futura Dra! rsrsrs
A política (politicagem, em verdade) que vemos dominar as mentes das pessoas nessas cidades é uma grande piada. É um show de críticas imaturas, opiniões nada lógicas, destruições em praça pública, agreções e outros tipos mais de escândalos que, sou sincero, muito me assustam.
Aliás, essas pessoas não estão aptas a falar em política, menos ainda em democracia (pensada na Grécia Antiga, pouco vivenciada até hoje). Afinal, a democracia não é tão liberal a ponto de permitir a alguém quebrar o que a oposição pôs de pé... A sorte é que não estamos em uma ditadura!
No fim, todos assistem bestializados à entrega da faixa do prefeito. Para os que venceram, sensação de dever cumprido, depois de tanto discutir com os vizinhos sobre quem fez mais para a cidade (Foi Leo, foi Leo... - mero exemplo). Para quem perdeu, a obrigação de dar o seu melhor na próxima (quebrar um banco na praça que "o outro" fez, colocar uma bandeira maior no telhado estampando o nome do candidato, ou seja o que for...).
Mas o importante é que haja sempre alguém para perceber isso! E que ele perpetue o poder de enxergar ao longo da hierarquia familiar. Eu, por exemplo, não quero filhos céticos (nem cegos ou caolhos)em minha casa, que sejam INCAPAZES DE VER O QUE ESTÁ À SUA FRENTE.
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