Aos alunos da Faculdade de Medicina da UERN:
UM APELO AO SEU CORAÇÃO
Esta semana, eu e alguns de meus colegas, preocupados com a deficiência na infra-estrutura dos ambulatórios da FACS, pedimos a alunos de todas as turmas para comparecerem à reunião com os professores para discutir os problemas dos ambulatórios (quinta-feira, dia 22 de setembro).
Teto caindo, falta de ar condicionado, deficiências nos banheiros, ausência de salas apropriadas para atendimento da ginecologia, falta de uma mãozinha de tinta, divisão do espaço com bodes, enfim... são vários os problemas, os quais nossos professores, diretor e demais funcionários já tentaram inúmeras vezes solucionar, porém, sem a devida resposta da Pró-Reitoria.
Enquanto convidávamos os alunos para a reunião, ouvimos as mais diversas respostas, desde respostas entusiasmadas a colaborar até respostas desanimadoras. Alguns de nossos colegas simplesmente me responderam: “tô nem aí”; “vou fazer internato de clínica em outra cidade”; ou “isso não é problema meu”.
E sabem, meus caros, eu comecei a pensar... vocês têm razão: isso não é problema de vocês. Ora, vocês, dentro de poucos anos, serão médicos cujo salário possibilitará pagar assistência privada à saúde.
Vou lhes contar de quem é este problema: este problema é de milhares de pessoas que serão atendidas por você ao longo de sua carreira médica; este problema é do velhinho em coma na UTI do HRTM; é da gestante que não sabe se terá médico para fazer seu parto; é da criança desnutrida; enfim, de 180 milhões de brasileiros dependentes do SUS. De uma terra onde serviço médico vale ouro. Acha que eu estou apelando? Tem razão. Estou apelando. Apelando pro seu coração de estudante.
Nossos soldados da frente de batalha, os alunos da primeira e segunda turma, que tanto lutaram por esta faculdade e tantos problemas enfrentaram, já se formaram. A luta agora é nossa. E se você acha “luta” um termo inadequado, eu posso mudar, posso dizer guerra. Sim, porque quem lida com condições precárias de trabalho, sofrimento alheio e ainda corre o risco de sujar a roupa de trabalho com sangue, é quase um soldado de guerra.
E quando eu digo que “a luta é nossa”, é porque é nossa mesmo. Não é só do presidente do Centro Acadêmico ou do representante de sua turma, mas sim de todos os que aqui estudam. Por isso, antes de criticar o esforço alheio, avalie seus próprios atos.
O meu “obrigada” a todos os alunos que costumam aparecer nas reuniões para discutir melhorias na faculdade. E o meu “muito obrigada” aos nossos professores que dedicam seu tempo procurando fazer de nós profissionais de excelência.
Notícia: na reunião desta quinta, foi decidido que os ambulatórios serão temporariamente fechados, devido às más condições de infra-estrutura, e serão submetidos à avaliação da ANVISA. Enquanto isso, vai se tentar conseguir outro local para as aulas práticas.
A faculdade certamente já enfrentou problemas muito maiores do que este. No entanto, incomoda-me o fato de observar, nas falas de alguns de meus professores e colegas, uma certa desesperança quanto aos rumos das aulas práticas. E, como diria nosso Professor de psiquiatria José Hélio: “desesperança é um critério para tentativa de suicídio”. Por favor, não vamos deixar o trabalho de tanta gente morrer.
Guerra, morte, suicídio... eu usei palavras pesadas, não foi?
Sim, meus nobres colegas, a missão é pesada, e por isso precisamos de muita gente para carregá-la. Não apenas a missão de melhorar os ambulatórios. Mas a missão de fazer da nossa faculdade um criadouro de bons médicos.
Aos alunos que não comparecem às reuniões, o meu apelo: participem. Eu sei, eu sei que não é problema de vocês. Mas um dia pode vir a ser.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
UM APELO AO SEU CORAÇÃO
Por Samila Marissa
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