Já me disseram uma vez que nem em três quilos de cocaína há tanto delírio quanto nos meus pensamentos. E se há muito delírio nos meus pensamentos conscientes, que dirá nos inconscientes. Há exatos 110 anos, quando lançou seu livro “A interpretação dos sonhos”, Freud já dizia que eles, os sonhos, são a manifestação do nosso inconsciente. Não sei exatamente o que Freud diria dos meus sonhos, mas hoje, eu me dispus a interpretar um deles.
Depois da prova prática de Semiologia (uma daquelas provas capazes de me fazer perder o controle sobre minhas pernas, minha mente, e principalmente, sobre meus esfíncteres), fui ao encontro de minha aconchegante cama para assistir à apresentação de mais um dos meus sonhos pirados. Esse sonho, no entanto, veio com alguma coisa diferente. Algo de filosófico.
Como de costume, a cena era uma daquelas que unia vários elementos da minha vida cotidiana, mas que dificilmente aconteceria de verdade. Estávamos eu, alguns de meus colegas com quem eu acabara de fazer a prova e dois professores, todos vestidos de branco, sentados à mesa da cozinha da minha avó comendo batata frita. Quando, então, um dos professores faz uma espécie de pergunta-desafio: de que cor é o mar?
Um dos meus colegas responde: é azul, não? E o professor: Errado. Agora você, Samila. E eu dizia: “o mar é da cor daquilo que nele reflete”. Exatamente.
Quando eu acordei fiquei pensando que diabos eu queria dizer com “o mar é da cor daquilo que nele reflete”. E depois de um tempo acho que eu finalmente entendi. Lembrei-me de uma professora da 6ª série me explicando que a cor do mar era o reflexo da cor do céu. Logo, “o mar é da cor do céu que nele reflete”.
No sonho, creio que o céu seja a representação da vida, do que esperamos dela e do futuro. Há dias em que o céu está escuro, assim como há dias em que viver é difícil. Há dias em que o céu está límpido, como a vida quando está clara, simples. Azul, preto, branco, alaranjado. O céu muda sua cor de acordo com as circunstâncias, com o tempo, de acordo com a direção das ondas de luz. A cor da vida também muda com as circunstâncias, com o tempo, com a direção de nossas decisões.
Todavia, nós não somos capazes de olhar diretamente para o céu. Ou seja, não somos capazes de ver a vida como ela realmente é, mas como nós queremos vê-la. Cada um tem seu próprio espelho através do qual visualiza a vida. Assim, em vez de mirarmos diretamente o céu, olhamos para o mar, o espelho da vida, cujo reflexo é influenciado por nossas opiniões.
Portanto, a cor da vida (céu), vista em nosso espelho (mar), embora seja influenciada por inúmeros fatores – problemas, alegrias, derrotas e vitórias –, possui um fator preponderante: o modo como nós vemos a vida. Logo, muito mais importante do que os acontecimentos em si, são o modo como eles refletem em nossas vidas, como o encaramos, como sentimos seus impactos.
Cada um tem seu próprio mar, seu modo ímpar de ver a vida, e por isso mesmo cada um de nós é tão diferente um do outro. E talvez esta tenha sido, para mim, uma das grandes lições da Semiologia (estudo dos sinais e sintomas das doenças, exame físico e entrevista do paciente).
Não importa se os pacientes têm todos as mesmas queixas e doenças. Eles não são os mesmos. Logo, o tratamento, aconselhamento e acompanhamento também não podem ser os mesmos para todos eles. Não importa se o céu é um só. Os mares são vários. Cada paciente é um mar no qual teremos de navegar cuidadosamente para descobrir sua profundidade, seus ventos e suas tormentas.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Um céu, muitos mares
Por Samila Marissa 0 comentário(s)
UM APELO AO SEU CORAÇÃO
Aos alunos da Faculdade de Medicina da UERN:
UM APELO AO SEU CORAÇÃO
Esta semana, eu e alguns de meus colegas, preocupados com a deficiência na infra-estrutura dos ambulatórios da FACS, pedimos a alunos de todas as turmas para comparecerem à reunião com os professores para discutir os problemas dos ambulatórios (quinta-feira, dia 22 de setembro).
Teto caindo, falta de ar condicionado, deficiências nos banheiros, ausência de salas apropriadas para atendimento da ginecologia, falta de uma mãozinha de tinta, divisão do espaço com bodes, enfim... são vários os problemas, os quais nossos professores, diretor e demais funcionários já tentaram inúmeras vezes solucionar, porém, sem a devida resposta da Pró-Reitoria.
Enquanto convidávamos os alunos para a reunião, ouvimos as mais diversas respostas, desde respostas entusiasmadas a colaborar até respostas desanimadoras. Alguns de nossos colegas simplesmente me responderam: “tô nem aí”; “vou fazer internato de clínica em outra cidade”; ou “isso não é problema meu”.
E sabem, meus caros, eu comecei a pensar... vocês têm razão: isso não é problema de vocês. Ora, vocês, dentro de poucos anos, serão médicos cujo salário possibilitará pagar assistência privada à saúde.
Vou lhes contar de quem é este problema: este problema é de milhares de pessoas que serão atendidas por você ao longo de sua carreira médica; este problema é do velhinho em coma na UTI do HRTM; é da gestante que não sabe se terá médico para fazer seu parto; é da criança desnutrida; enfim, de 180 milhões de brasileiros dependentes do SUS. De uma terra onde serviço médico vale ouro. Acha que eu estou apelando? Tem razão. Estou apelando. Apelando pro seu coração de estudante.
Nossos soldados da frente de batalha, os alunos da primeira e segunda turma, que tanto lutaram por esta faculdade e tantos problemas enfrentaram, já se formaram. A luta agora é nossa. E se você acha “luta” um termo inadequado, eu posso mudar, posso dizer guerra. Sim, porque quem lida com condições precárias de trabalho, sofrimento alheio e ainda corre o risco de sujar a roupa de trabalho com sangue, é quase um soldado de guerra.
E quando eu digo que “a luta é nossa”, é porque é nossa mesmo. Não é só do presidente do Centro Acadêmico ou do representante de sua turma, mas sim de todos os que aqui estudam. Por isso, antes de criticar o esforço alheio, avalie seus próprios atos.
O meu “obrigada” a todos os alunos que costumam aparecer nas reuniões para discutir melhorias na faculdade. E o meu “muito obrigada” aos nossos professores que dedicam seu tempo procurando fazer de nós profissionais de excelência.
Notícia: na reunião desta quinta, foi decidido que os ambulatórios serão temporariamente fechados, devido às más condições de infra-estrutura, e serão submetidos à avaliação da ANVISA. Enquanto isso, vai se tentar conseguir outro local para as aulas práticas.
A faculdade certamente já enfrentou problemas muito maiores do que este. No entanto, incomoda-me o fato de observar, nas falas de alguns de meus professores e colegas, uma certa desesperança quanto aos rumos das aulas práticas. E, como diria nosso Professor de psiquiatria José Hélio: “desesperança é um critério para tentativa de suicídio”. Por favor, não vamos deixar o trabalho de tanta gente morrer.
Guerra, morte, suicídio... eu usei palavras pesadas, não foi?
Sim, meus nobres colegas, a missão é pesada, e por isso precisamos de muita gente para carregá-la. Não apenas a missão de melhorar os ambulatórios. Mas a missão de fazer da nossa faculdade um criadouro de bons médicos.
Aos alunos que não comparecem às reuniões, o meu apelo: participem. Eu sei, eu sei que não é problema de vocês. Mas um dia pode vir a ser.
Por Samila Marissa 0 comentário(s)
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Sobre bolas de sopro e medicina
Foi a cena do meu priminho de um ano brincando com bolas de sopro que desencadeou em mim uma cascata de pensamentos.
Lembrei de quando eu era criança e ia para os aniversários esperando ansiosamente por um determinado momento da festa. Não era a hora dos “parabéns”, não era o bolo, nem a distribuição das lancheiras. Eu esperava mesmo era pelo fim da festa, porque eu sabia que era aí que eles distribuíam as bolas de sopro. E lá ia eu pra casa, morta de contente, carregando duas ou três bexigas debaixo do bracinho magrelo.
Quando penso nisso hoje me pergunto que diabos eu via de tão encantador naquelas bexigas. Vai ver era o colorido, o brilho, o poder de flutuar.
Eu cuidava delas para que durassem o máximo de tempo possível e achava um absurdo sempre que via outra criança estourando bexigas. Ficava pensando como eu gostaria de ter dinheiro o bastante para comprar um monte de bexigas. Até o dia em que eu descobri que bolas de sopro nem eram tão caras assim.
Hoje qualquer um que escutar essa história da minha paixão por bolas de sopro certamente vai rir da inocência daquela criaturinha que tratava as bexigas como seres vivos e achava que só mesmo no dia em que tivesse muito dinheiro conseguiria comprar muitas delas.
O fato é que “o sonho impossível das bolas de sopro” não foi o único sonho que eu desmistifiquei ao longo desses anos.
Meu outro sonho de infância e adolescência (falando assim parece até que essa fase já acabou, mas com fé em Deus vai durar muito) que parecia meio distante da realidade era cursar medicina.
Eu nem sabia direito o que aquilo significava, mas cresci com a idéia na cabeça. Talvez por achar que era a chance perfeita de ajudar as pessoas, conseguir um bom emprego e ter um bom padrão de vida. Talvez por achar que só assim eu conseguiria comprar quantas bexigas eu quisesse.
À medida que eu fui crescendo a medicina foi ficando, ao mesmo tempo, mais perto e mais longe de mim. Mais perto porque eu me dedicava cada vez mais aos estudos. Mais longe porque para muita gente era ilusão minha sair do interior direto para uma universidade pública.
Lembro-me que sempre que me perguntavam “vai fazer vestibular pra quê?” e eu respondia “medicina”, vinham-me com um olhar de “deixe a bichinha sonhar” ou mandavam uma frase do tipo “é, né... todo mundo tem o direito de sonhar”. Claro que eu também contei com o apoio de gente que acreditava em mim até mais do que devia.
Aí um dia você passa no vestibular. E, como a criança que descobre que uma bexiga não custa mais do que alguns centavos, eu descubro que cursar medicina é perfeitamente possível.
Então você entra na faculdade. E aí você descobre que existe algo realmente tão frágil e precioso quanto as bexigas da minha infância: a vida, a sua e a dos outros. E a partir daquele dia em que você pisa pela primeira vez na universidade, sua missão é preservá-la.
Não importa mais em que colocação você foi aprovado no vestibular, de onde você é ou quantas bexigas você podia comprar na infância. Agora, meu caro, você é tão forte e tão fraco quanto qualquer outro. Tão vulnerável à aflição diante das provas, adepto às noites mal dormidas (ou não dormidas) e ao café como qualquer outro.
O tempo passa e o conhecimento só lhe traz uma certeza: a do quanto você é ignorante diante da vida. E é justamente a consciência dessa ignorância que fará de você mais sábio e mais humano ao tratar de seus pacientes.
E aí, quando você pensa que sua vida acabou, você descobre maravilhado que ela está só começando. Que você tem um mundo de possibilidades a desvendar e de personalidades para conhecer, incluindo a sua. Você descobre, enfim, que sua vida está recomeçando multiplicada, porque haverá um pedaço seu em cada ser humano do qual um dia você irá tratar, bem como um pedaço deles ficará em você.
Você vai, sim, perder ainda muitas noites de sono. Você ainda vai se afligir a cada prova. E no meu caso, de quebra ainda vou pegar trauma do sininho que Luiz toca nas provas práticas de anatomia da UERN.
Vai perder um pouco da vida social, mas vai saber aproveitar como ninguém os preciosos momentos ao lado da família, do(a) namorado(a) ou dos amigos.
Vai perder um pouco dos cabelos. Mas tudo bem, para isso existem os implantes.
Vai perder um pouco (ou seria “muito”?) do juízo. Mas e daí? Ser normal é coisinha chata.
No fundo, não importa o que você vai perder, porque o que se perde vai embora, e o que fica mesmo é o que a gente ganha: os amigos, o aprendizado, a chance de salvar vidas. No fundo, importante mesmo são as bolas de sopro que nós preservamos na vida.
Por Samila Marissa 6 comentário(s)
domingo, 22 de fevereiro de 2009
7 coisas que me fazem odiar o carnaval!
Pelas minhas andanças virtuais através dos blogs, me deparei com essa lista que achei muito interessante e me fez dar boas risadas. Um ótimo carnaval pra todo mundo!
1- Os aquecimentos
Saca aqueles ensaios que têm everywhere? Que as periguetis mais sedentas vão pra mostrar a calcinha ou então a depilação nova? Onde a imprensa vai para cobrir pérolas do tipo “Fulana de tal cai no samba”? Que sempre tem um barraco de ciclano que brigou com beltrano e foi expulso da Velha Guarda? Então. Tenta escapar dessas maravilhosas notícias na época de Carnaval.
2- As periguetis e o glitter
Ah o glitter, o maldito glitter. Além de ser cafona e normalmente vir acompanhado de um par de sandálias plataforma salto 36 feitas de acrílico, as periguetis de Carnaval acreditam fielmente que não necessitam de roupas se cobrir seu corpo inteiro com glitter furta-cor, que por acaso fica LINDO em contraste com a pele terracota, característica das periguetis.
3- A alegria desenfreada
Por alegria desenfreada entenda: todo mundo breaco. Todo mundo enche o caneco, chega no estágio de dançar ridiculamente as marchinhas tradicionais de Carnaval sem vergonha de ser feliz e sem medo do amanhã, depois sai andando por aí sem camisa, com a barriga peluda de fora, faz um xixi ali no poste do meio da rua e com a ajuda (que possivelmente só pode ser) de Deus volta pra casa são e salvo.
4- As vinhetas
NA TELA DA TEVÊÊÊÊÊ NO MEIO DESSE POOOOOOOOOOOOVO, A GENTE VAI SE VER NA GLOOOOOBOOOOOOOO (globo espelhado cafona cortado ao meio, com 6 dúzia de caras segurando um pandeirinho com duas periguetis cobertas com glitter e sandálias de acrílico disputando pra ver quem rebola mais e arreganha mais os dentes). Repita a operação a cada 5 minutos.
5- Os desfiles
Antes que venham com pedras nas mãos, já deixo bem claro que eu acho o trabalho das Escolas de Samba uma forma muito válida de arte, portanto minha treta não é com eles. O problema é acharem boa idéia de transmitir isso pra sempre na TV aberta. Pay-per-view, do you know it? Por mim, que só transmitam a apuração!
6- Os camarotes
Não tem muito o que falar: subcelebridades e wannabes se vendendo por pouco para ter um lugar ao Sol enquanto usam um abada da marca patrocinadora.
7- As músicas
Além dos sambas enredo que passam à exaustão na TV, ainda temos que conviver com as marchinhas (que convenhamos são até legais nas primeiras cinco vezes que você ouve). Porém, os grandes vilões dessa história são os malditos hits do verão, geralmente provenientes de algum artista de axé, geralmente provenientes da Ivete Sangalo ou derivadas. (Por favor que o hit desse ano não seja o maldito melo do xixi).
P.S.: micaretas não entraram nessa lista porque infelizmente elas ocorrem o ano todo e não somente no Carnaval.
Retirado do http://tarjapreta.org/popstorm/7-coisas-que-me-fazem-odiar-carnaval
Por Morais Júnior 0 comentário(s)
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Boicote ao Trote?
Olá pessoal! Depois de tanto tempo sem postar, eu criei vergonha na cara e decidi aparecer por aqui pra compartilhar algumas opiniões a respeito das polêmicas envolvendo os trotes escandalosos que, ultimamente, tomaram conta da mídia.
Há pouco mais de 2 meses, fui aprovado no vestibular e minhas aulas começaram logo no 1º semestre. Logo no primeiro dia os nossos veteranos começaram a aplicar o trote - tudo em clima de diversão saudável, que fique bem claro! Foram três dias de brincadeiras, entrevistas e conversas que fez com que a turma se entrosasse e conhecesse um pouco mais sobre a rotina da faculdade e do curso em si. No último dia da brincadeira, aconteceu o tal 'mela-mela' e quem participou foi ao sinal pedir dinheiro para financiar a calourada. Durante o período em que passamos arrecadando dinheiro, percebi uma certa rejeição da grande maioria das pessoas que nos observavam, que achavam tal situação em que nos encontrávamos completamente degradante, mesmo falando que tudo aquilo não passava de uma brincadeira.
Ao chegar em casa, fui checar meus emails e ler algumas notícias corriqueiras; e uma em especial me chamou logo atenção. Um jornal local havia postado uma notícia em seu site relatando sobre os trotes ocorridos nos arredores da UFRN e, de forma completamente distorcida e parcial, condenaram veementemente as brincadeiras afirmando que tudo aquilo não passava de algo violento e humilhante. Confesso que achei todas aquelas afirmações absurdas, pois deixo bem claro que os alunos só participam do trote de forma espontânea. Além do mais, a maioria dos trotes promovidos pelos alunos da UFRN tem como intuito não somente o entrosamente entre os alunos mas também o compromisso social de contribuir com instituições de caridade. No curso de Turismo - do qual sou acadêmico - os calouros arrecadaram alimentos que serão posteriormente doados ao Lar de Idosos Juvino Barreto e ainda doarão sangue ao Hemonorte; a exemplo de vários outros cursos, cujos alunos também se comprometeram a ajudar instituições filantrópicas. Apesar da mobilização, a imprensa local não divulgou o esforço que os alunos fizeram e tratou somente de pegar carona nos grandes meios de comunicação do país, relatando a suposta 'violência' nos trotes dos cursos da UFRN, mesmo sem existir nenhum indício.
É triste saber que ao invés de ser imparcial, parte da mídia local ocupa-se somente em manipular os fatos para aumentar os lucros nas vendas. Mais triste ainda é saber que a maior parte da população não tem a capacidade de discernir o que é 'violência' e 'diversão'. Eu fui ao meu trote e me diverti bastante e fico muito contente de saber que além de ter contribuído com quem precisa, eu ainda fiz vários amigos. E ainda posso afirmar que nenhum dos meus colegas foi vítima de abusos! Lógico que há os trotes violentos e que fere a integridade moral e física das pessoas, mas essa realidade anda longe do cotidiano dos natalenses. Seria interessante que as pessoas vissem os trotes com um pouco mais de aceitação, pois tudo não passa de uma grande comemoração pelas vitórias alcançadas na vida estudantil.
Por Morais Júnior 2 comentário(s)
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Despedida
Gente, as aulas na faculdade vão começar...
Como eu vou ficar bem ocupada nos próximos dias, vou ter que dar um tempo nas crônicas.
Digam "aaaaaaa", por favor!
OBRIGADA a todos que me aturaram até aqui, e que me deram o prazer de ter leitores.
É isso, estou me despedindo temporariamente, mas espero voltar em breve. Enquanto isso, deixo o blog nas mãos e na cabeça brilhante de Morais.
Agora é só torcer pra que o futuro me traga experiências e reflexões capazes de render boas crônicas...
Bjos
Té a próxima crônica
Por Samila Marissa 2 comentário(s)
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
O que eu aprendi...
Essa crônica foi escrita ano passado e dela eu tirei algumas lições muito importantes...
Há alguns dias me deparei com uma cena, no mínimo, humilhante. Uma administradora e educadora, no ápice de sua arrogância e prepotência, gritava histericamente com uma funcionária. Confesso que fiquei chocado, pois jamais esperava esse tipo de atitude de alguém que se julga 'educadora' ou 'formadora de opinião'; seja lá o que a funcionária tenha feito, creio veementemente que não justifica o comportamento rude dispensado por sua chefe.
Ao chegar em casa, comecei a refletir: por quê algumas pessoas portadoras de conhecimento prévio não o aplica de forma positiva e contundente, enquanto outras que nem sequer frequentaram uma sala de aula, o fazem de forma sábia? Até agora, eu ainda não encontrei uma resposta concreta. Entretanto, na ânsia de saciar a minha curiosidade, não pude deixar de fazer uma comparação entre a minha vó - semi-analfabeta e portadora de grande sabedoria - e a chefe - graduada e pobre de espírito.
Não quero cometer o pecado da generalização, mas percebi que em certos momentos devemos aprender muito mais com os sábios do que com os especialistas,; os sábios nos ensinam a compreender e respeitar; os especialistas só nos ensinam teorias que muitas vezes são inaplicáveis.
Nós convivemos diariamente com egos diferentes e, consequentemente, entramos em conflito. Contudo, já disse Che Guevara que 'hay que endurecer, pero sin perder la ternura'. Para ser amável e compreensível, não se faz necessário ler livros de psicologia e/ou pedagogia. Para escrever uma crônica não é necessário ser um linguista. Basta escutar a voz da consciência e ter senso crítico para abstrair as lições dos fatos. Pelo menos, foi isso que aprendi com minha vó...
Por Morais Júnior 3 comentário(s)
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Thalita Rebouças
Olá leitores! Estava sumido, eu sei. Mas Samila, com a brilhante capacidade que ela tem, fez com que minha ausência nem fosse notada. A brilhante crônica abaixo nos prova isso! =]
Mas agora voltei viu?
Então, esses dias eu estava atrás de novidades na internet e achei o site dessa jovem escritora chamada Thalita Rebouças. Ela escreveu vários livros, com uma linguagem voltada para o público adolescente e tem uma coluna na revista 'Atrevida'. Não resisti e li várias crônicas dela! São bem legais e descontraídas.
Para mais informações sobre o trabalho desta jovem, bonita e inteligente mulher: www.thalita.com
Aqui vai uma crônica dela, intitulada 'Meu amor, meu Chico'
Outro dia fui a um evento num shopping lotado (e olha que eu odeio shoppings
lotados), só pra ver o Chico, que era convidado de um debate sobre o
maestro Tom Jobim. Já reparou que todo mundo que gosta do Chico chama ele assim? Chico, simplesmente Chico. Como mediadora, Scarlet Moon estava chata, metida e pouco preparada (por exemplo, perdeu preciosos minutos querendo saber sobre a depressão do Tom, deixando os entrevistados constrangidos. E tanta coisa para perguntar... curiosidades, gafes, episódios emocionantes, engraçados, como compuseram algumas obras-primas, e por aí vai).
Bom, no fim do evento, que contava ainda com Edu Lobo, Francis Hime e Paulinho Jobim, o gênio se jogou no meio da galera, tirou foto, distribuiu beijos e sorrisos e ganhou ainda mais espaço no meu coração, desde sempre derretido pelos olhos de esmeralda mais lindos do mundo.
Scarlet, por sua vez, ouviu os berros de uma fã nada inibida: "Dona Iscarlééétiiii! Ô, dona Iscarléti, olha eu aqui! Cutuca o Chico, pede aê pra ele me dar um autógrafo." Pouco depois, sem autógrafo nenhum nas mãos, a fã não se fez de rogada e voltou a chamar a atenção de todos em alto e bom tom. "Dona Iscarlétiiii, pô, dona Iscarletiiii! Sacanagem!!! A senhora vacilou comigo, hein? Poxa, num custava nada... Fala sééééério, dona Iscarléti, era só um favorzinho, pô... Agora ele foi embora. Como é que eu faço pra ver o Chico de novo, dona Iscarléti? Pode me dizer? O homi quase não dá show!" Hilário.
Um dia, quando eu tinha uns 15, 16 anos, me deu a louca e, sem nunca ter prestado lá muita atenção nas músicas do Chico — a não ser quando meu pai começava a cantarolar desafinado para acompanhar o que saía do toca-fitas de seu carro —, parti rumo às Lojas Americanas sedenta de Hollanda. Era um desejo incontrolável de ouvir Passaredo, uma das músicas do Sítio do Pica-Pau Amarelo (do meu tempo). O desejo incluía ainda João e Maria, uma pérola que aprendi a gostar quando ainda era um toco de gente.
Estava disposta a entender o que as pessoas tanto viam naquele coroa bonitão, que faz sucesso desde pirralho. Acabei comprando três CDs! Três!!! Caí de quatro. Apaixonadérrima. Que homem é esse, mermão!?, pensei depois de ouvir um disco inteiro. Vi o meu queixo cair mais a cada música, a cada descoberta. Babei com Construção, me deliciei com Minha História, devorei O Meu Amor e chorei com Valsinha.
Um amigo meu, também viciadérrimo em Chico, diz que quem não gosta das músicas dele é burro. E tá muito certo, porque acho que fui uma anta durante todo o tempo em que não ouvi Chico direito.
Lá na exposição, me chamou a atenção um grupo de adolescentes, loucas por um autógrafo dele. Saí de lá feliz da vida. Toda boba, por ver a cena que aconteceu comigo há dez anos se repetir: meninas de 15, 16 anos descobrindo como é maravilhoso amar, decifrar, devorar Chico Buarque.
Por Morais Júnior 1 comentário(s)
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Caolhos e banguelas
Eu raramente me dedico a discorrer acerca de assuntos que envolvam a política local ou qualquer tema que envolva de forma particular a cidade de Pau dos Ferros. Primeiro porque minha intenção maior é que estas crônicas tratem de assuntos universais, ainda que desenvolvidas a partir de situações cotidianas e do meu simples ponto de vista. Depois porque, do jeito que vai esta cidade, há o risco de que alguém me interprete mal e queira vir se vingar. Entretanto, os fatos ocorridos nos últimos dias despertaram em mim uma vontade incontrolável de escrever sobre tais fatos.
Além do mais, caso alguém se sinta atingido e queira se vingar, creio eu que o leque de vinganças inclua alternativas bem restritas, tais como me dar uma pisa quando eu sair na rua ou deletarem meu orkut (é pouco provável que me roubem algum bem material, uma vez que eu só ando lisa). Assim sendo, tendo em vista que eu mal saio de casa ultimamente (o que dificulta a efetuação da “pisa”) e que a faculdade me deixará sem tempo para orkut e similares, eu resolvi correr o risco e escrever as linhas a seguir.
Dada a minha explicação, vamos à crônica.
Todo dia minha irmã chega da escola contando que derrubaram alguma parte da cidade, seja o N “de Nilton”, sejam os canteiros “de Leonardo”. Basta alguém achar que partidários de um lado agrediram um patrimônio do lado oposto que já se vinga e trata de quebrar algo também.
Isso me lembra meu professor de história (grande Romualdo!) e sua árdua tarefa de explicar-nos a Guerra do Peloponeso. Na dita guerra, as cidades gregas brigaram tanto entre si (sobretudo por interesses econômicos) que acabaram destruindo a Grécia e esquecendo do mais importante: proteger sua própria terra. O território grego ficou tão frágil e tão à mercê de invasões que os macedônicos, sem muito esforço, apossaram-se dele.
Pau dos Ferros vai quase no mesmo caminho da Grécia Antiga. Nossos cidadãos tão “cultos e conscientes” desempenham brilhantemente a tarefa de destruir a cidade. Praça por praça. Prédio por prédio. Canteiro por canteiro.
Eu me pergunto o que pensariam sobre isso os pauferrenses verdadeiramente cultos e conscientes. Os que passaram a vida estudando e trabalhando para fazerem de suas vidas e da nossa cidade cada vez melhores. Muitos deles não moram mais aqui. Alçaram vôos maiores. E o fizeram porque em sua época não havia aqui universidades ou oportunidades de trabalho melhores.
Mas hoje, meus caros, as oportunidades batem à nossa porta, estão prestes a entrar em nossa cidade. Lembro-me que, no ano passado, quando a cidade ainda lutava pelo Campus da UFERSA, havia quem se recusasse a apoiar a vinda da universidade, alegando que a defesa do Campus beneficiaria político X ou Y, o qual fazia oposição ao seu partido. Os argumentos mesquinhos de sempre. Certamente Jesus diria: perdoai-os, Senhor, eles não sabem o que fazem.
E é nessas horas que eu tenho vontade de gritar aos céus: quanta ignorância, meu pai! Será que esse povo não percebe que a chegada de uma universidade irá beneficiar seus filhos, netos, nossa educação, nossa economia? Não, não percebem. Essas pessoas ainda vivem no tempo dos coronéis, da política de troca de favores, do voto de cabresto.
É cômico e ao mesmo tempo paradoxal ver que, à medida que nossa cidade cresce, o bom senso de alguns pauferrenses só diminui.
É triste, mas é verdade. Eu espero sinceramente que um dia essas criaturas ponham a mão na consciência e percebam que seus atos de vandalismo não estão atingindo nem Nilton Figueiredo nem Leonardo Rêgo, e sim, a própria sociedade. É como se cortássemos nossos pulsos e depois acreditássemos estar ferindo outra pessoa. Eu chamaria de “suicídio inconsciente”. Pensando bem... “jegues” soaria melhor. Sem ofensa aos animais, claro.
Caso a situação não se inverta, o velho Código de Hamurábi vai tomar conta dessa cidade, e aí, será “olho por olho e dente por dente”, até que todos fiquem CAOLHOS E BANGUELAS.
Por Samila Marissa 12 comentário(s)
domingo, 28 de setembro de 2008
Manifesto a politicagem!
Nesses últimos dias venho acompanhando o cenário político que se desenha em algumas cidades, especialmente Pau dos Ferros, já que lá é meu domicílio eleitoral. Mesmo distante, gosto de saber o que está acontecendo e por quais caminhos minha cidade está enveredando. Sou jovem, mas sou um cidadão consciente.
Em mais uma das minhas noites insones, estava lendo um blog conhecido e me deparei com uma nota que me deixou, no mínimo, chocado. Em uma movimentação política, as coligações rivais se digladiaram num verdadeiro show de horrores, encarnando uma cena típica de guerra – ao estilo ‘O Gladiador’ – que acabou ferindo muitas pessoas e estragou o que deveria ser uma manifestação democrática. De início fiquei abismado, depois fiquei enojado.
Então comecei a refletir... O que realmente significa ‘democracia’? Na escola aprendi que é o poder que emana do povo. O dicionário Houaiss define como ‘governo no qual o povo toma as decisões importantes a respeito das políticas públicas, não de forma ocasional ou circunstancial, mas segundo princípios permanentes de legalidade’. Em síntese, o conceito é o mesmo.
Mas será que realmente aplicamos esse conceito de forma imparcial?
Para uns, a democracia só é válida desde que haja concordância entre todas as partes...
Muitas pessoas gostam de exaltar que vivem sob a batuta da liberdade de expressão e se definem como liberais. Mas basta que seus interesses sejam afetados para que a intolerância se manifeste e, no lugar da democracia, haja violência e desrespeito às opiniões alheias!
Antes de bradarmos aos quatro cantos que vivemos em um país amplamente democrático, devemos primeiramente rever nossos conceitos e aceitar as diferenças que nos cercam. TOLERÂNCIA e RESPEITO devem tornar-se prioridades na convivência com nossos semelhantes. As nossas preferências não podem desprezadas e tratadas com hostilidade; somos o que pensamos e devemos agir como agentes transformadores para a formação de uma sociedade menos injusta (pois igual é impossível)
Na política ou em qualquer outro ramo, quem age de forma hostil e desrespeitosa certamente é um ignorante de marca maior. Pobres são aqueles que pregam a ‘politicagem’, desvirtuando a verdadeira acepção da palavra política...
Por Samila Marissa 2 comentário(s)
Dedicação: o caminho para o bom desempenho!
Eu sempre fui um pregador convicto da capacidade de superação presente em que cada um de nós. Talvez pelo fato de acreditar que o nosso desempenho nas tarefas diárias depende da nossa dedicação. Esse vídeo é uma amostra de que com motivação, paciência, harmonia e acima de tudo, esforço, podemos superar nosssos limites e quebrar barreiras. Que sirva de exemplo para todos que duvidam da própria capacidade e permitem ser levados pela vida, sem rumo. Já disse Madonna que 'pobre é o homem cujos prazeres dependem da permissão dos outros'.
Tenham um excelente domingo! =D
Por Samila Marissa 0 comentário(s)
sábado, 27 de setembro de 2008
Reflexões em cadeia
Uma daquelas crônicas em que eu começo querendo falar de uma coisa e termino falando de tantas outras que até esqueço qual era o tema central em questão. Mas isso aqui não é vestibular, meus caros. Eu posso mudar o rumo da conversa e viajar nos meus pensamentos até vocês “pedirem arrego”. Se esse texto fosse de Machado de Assis, nós chamaríamos esses desvios de “digressões”, mas como fui eu que escrevi, eu suporto o comentário de que “ela é doida mesmo”.
Mês passado, eu e minha tia fomos à livraria à procura de um livro para minha prima de três anos (não, ela não sabe ler ainda, mas aprende rápido): O Soldadinho de Chumbo. Livros dos mais variados assuntos e autores se amontoavam diante das prateleiras e brilhavam como se estivessem paquerando seus compradores. Era tanto livro e tanta informação que não me parecia que ali estivesse faltando livro nenhum, pelo menos nenhum dos famosos. Por isso mesmo, tamanha foi minha indignação diante da falta do Soldadinho de Chumbo. Como é que pode faltar um clássico desses? Será que ninguém mais lê O Soldadinho de Chumbo?
Tudo bem que foi uma das maiores decepções da minha infância, não que eu tenha achado a história ruim, mas o soldadinho morria no final; feliz, mas morria; ao lado de sua amada, mas morria. Até então eu só tinha lido histórias de personagens que “viviam felizes para sempre”, nada sobre “morrer feliz para sempre”.
Mas o que eu quero questionar aqui não é a expectativa de vida dos personagens de livros infantis, e sim, a falta do mais simples e ao mesmo tempo mais essencial. Assim como na livraria, às vezes nas prateleiras de nossas vidas faltam coisas aparentemente sem importância, mas, exatamente por sua simplicidade, imprescindíveis à nossa formação.
Como disse Antoine de Saint-Exupéry, “o essencial é invisível aos olhos”. E, falando nele, agora lembrei do Pequeno Príncipe. Ganhei o livro quando era criança de um amigo da minha tia, que morava em Brasília. Demorei uns dois anos para terminar o livro, embora ele fosse pequeno. Achei umas partes chatas, umas partes interessantes, e outras provavelmente meus nove anos de idade não foram suficientes para entender (dizem que é o tipo de livro que a gente só entende quando “cresce”... e eu me pergunto se já cresci o suficiente para ler aquelas noventa e poucas páginas de novo).
O fato é que eu ganhei o livro de alguém que nunca havia me visto na vida, e que ainda assim se importou comigo, com a possibilidade daquela criaturinha adquirir algum conhecimento. Pensando bem, hoje vejo que embora o livro seja merecedor de aplausos, eu o li mais para atender às expectativas do meu presenteador do que por real prazer.
E foi assim também com outros livros, eu começava a ler meio que “obrigada por mim mesma”. Mas foi assim, de obrigação em obrigação, que adquiri um gosto pela leitura. Não dos maiores, mas, enfim, um gosto. Eu adoro assistir televisão, mas ela é meio que coletiva: todo mundo vê as cenas ao mesmo tempo, chora, ri e xinga (seja Dunga, seja Flora) ao mesmo tempo. Não que isso seja ruim. É até emocionante ver um país inteiro reunido para ver um último capítulo de novela das oito ou um jogo da seleção (hoje em dia eu me pergunto se a última opção merece mesmo esse ibope todo). Mas a individualidade tem o seu encanto. Ler certos livros é como comer chocolate, é um prazer individual; mas, claro, há sempre aqueles chocolates caseiros que “é só gordura hidrogenada”.
Falando em livro, lembrei agora de um senhor que encontrei na livraria e me perguntou que tipo de livro eu gostava de ler. Eu respondi: crônica, – fiz uma pausa e continuei – romances também. Quando ele me perguntou isso fiquei até encabulada por não conseguir enumerar mais de dois gêneros de que eu gostasse. Vai ver que são as férias que me levam ao esquecimento. Ou vai ver que eu só leio esses dois gêneros mesmo.
Acho que o senhor da livraria notou meu “esquecimento”, porque perguntou se eu tinha passado no vestibular. Eu disse que sim, e ele: na UnP? E eu: não, na UERN. Nada contra quem faz universidade particular, mas é inegável que a concorrência é menor. Pode ser que o senhor fosse professor da UnP, ou tenha me achado com cara de quem podia pagar UnP, ou simplesmente com cara de quem não podia passar na UERN =(
Ôoo, Samila! Quem manda esquecer os gêneros narrativos? Deixe-me ver: crônica, conto, romance, novela, teatro, fábula... aff, esqueci o resto.
Depois de uma facada dessas na auto-estima, vou encerrar a crônica por aqui. Se alguém quiser amenizar minha dor, eu aceito livros e chocolates de presente.
P.S.: Aceito também roupas, sapatos, geladeira, fogão, cama, guarda-roupa...
“A riqueza de uma vida está no valor das pequenas coisas. E, claro, no das grandes também.” (Afinal, você não quer que eu viva sem um fogão e uma geladeira, quer?)
Por Samila Marissa 4 comentário(s)